Por que você tem medo de falar em público?
- Meline Lopes
- 5 de set. de 2018
- 4 min de leitura

Desde criancinhas somos acostumados - a grande maioria de nós - a ficar tímidos diante do público. Ser o centro das atenções incomoda, nos sentir despidos incomoda, mas o que incomoda mesmo é saber que podemos nos expor e falhar, perder a admiração dos nossos pares e sermos vistos como incompetentes pelos nossos colegas. O ser humano é movido à aceitação. Podemos exemplificar tal argumento através da disseminada pirâmide da Hierarquia das Necessidades de Maslow, onde se observa em sua base as necessidades fisiológicas, como a fome, a sede, a respiração, o abrigo e o sexo, por exemplo.
Logo acima, temos a necessidade de segurança, desde a segurança em casa até meios mais complexos, como a segurança no trabalho, segurança com a saúde e etc. O terceiro nível da pirâmide trata das necessidades sociais, ou seja, das necessidades de se sentir parte de um grupo social, como ter amigos, constituir família, receber carinho de parceiros sexuais e etc. Quase no topo, no quarto nível, sentimos necessidade de status ou estima, a de reconhecer as próprias capacidades e de ser reconhecido por outras pessoas, devido a capacidade de adequação do indivíduo. Ou seja, é a necessidade que uma pessoa tem de se orgulhar de si própria, sentir a admiração e orgulho de outros indivíduos, ser respeitada por si e pelos outros, entre outras características que envolvam o poder, o reconhecimento e o orgulho, por exemplo.
Por fim, no topo da pirâmide, temos a necessidade de autorrealização, quando o indivíduo consegue reconhecer e aproveitar todo o seu potencial, com autocontrole de suas ações, com independência, fazendo aquilo que gosta e que é apto a fazer, com satisfação. Percebem o quanto nos amedronta o risco da exclusão? Ora, se vou para a frente do palco e falho, me transformo em alvo para as chacotas sociais - e em tempos de redes sociais tão popularizadas, prato cheio para memes e viralizações - e, consequentemente, para o isolamento, atingindo em cheio e colocando em risco três das minhas principais necessidades enquanto ser humano: a necessidade social, a de status/estima e a de autorrealização.
MEDO DE FALAR EM PÚBLICO SUPERA O MEDO DA MORTE
Por isso, o medo de falar em público supera nada menos que o medo da morte. Isso mesmo, da morte. Uma pesquisa realizada com 3 mil americanos e publicada pelo jornal “Sunday Times”, demonstra que o medo de falar em público é o maior medo do homem, o resultado da pesquisa revelou que 41% dos participantes preferem morrer do que falar em público. Esse medo está à frente de situações bastante desesperadoras como o medo de altura (segundo lugar); medo de problemas financeiros e de doenças (terceiro lugar); e da morte (aparece apenas em quarto lugar).
Um comediante americano muito famoso, Jerry Seinfeld, que inclusive morria de medo de falar em público, fez do pavor motivo de piada, uma das histórias mais famosas e que costuma contar em seus shows é justamente sobre o resultado da pesquisa. A conclusão a que ele chega é que em um velório a maioria das pessoas preferiria estar dentro do caixão a ter que fazer um discurso em homenagem ao morto. Brincadeiras à parte, poucos pensam neste ato como uma oportunidade de se fazer notar.
Não que você vá ficar pedindo para aparecer ou falar em todas as reuniões, eventos, apresentações da empresa, mas apenas para mudar a sua forma de pensar para um panorama mais positivo, isso mesmo, mentalmente transformar as dificuldades em oportunidades, pode usar o exemplo de Jerry Seinfeld que superou o medo e hoje, além de super famoso e desinibido, usa seu medo como motivo de piada. Se as oportunidades também não se transformarem em oportunidades de crescimento profissional como a dele, tudo bem, mas com certeza se transformarão em oportunidades de autoconhecimento e lapidação pessoal.
SE VOCÊ SABE CONVERSAR, SABE FALAR EM PÚBLICO
Segundo Chris Anderson, curador do TED Talks desde 2002 e escritor do livro: O guia oficial do TED para falar em público, se você sabe conversar em um grupo de amigos durante o jantar, você também sabe falar bem em público. Se você não sabe o que é TED, não tem problema, eu te explico, é uma série de conferências realizadas na Europa, na Ásia e nas Américas pela fundação Sapling, dos Estados Unidos, sem fins lucrativos, com as temáticas de Tecnologia, Entretenimento, Planejamento, destinadas à disseminação de ideias e com apresentações sui generis, bem impactantes, breve, limitadas a dezoito minutos, cujos vídeos são amplamente divulgados na Internet.
A gente costuma se esconder na desculpa de “não ter o dom da fala”, mas pode esquecer, há quem nasça com mais facilidade para se comunicar, o que não significa que essas pessoas apliquem boas técnicas em discursos. Ao mesmo tempo que conheço pessoas extremamente tímidas e que viram gigantes no palco, muitos humoristas relatam que se utilizam do personagem para se despir da vergonha de estar diante do público. Engana-se quem pensa que aperfeiçoar a capacidade comunicacional é um diferencial para o mercado, falar bem é uma qualificação necessária a qualquer profissional que queira se manter no mercado no século XXI.
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